samedi 28 février 2009

i have saved every piece of paper,
like grocery lists
and note cards,
to-do lists
and race scores,
so, just in case you change your mind and come back,
i've kept everything safe.

vendredi 27 février 2009

the chink in my armor

pronto, já sei a coisa mágica que pode acontecer: quero morar na floresta encantanda com benoît pioulard. (:

life is so saaaaaad, life is soooo saaaaaaaaad.

quer dizer, não sei se eu reclamo demais das coisas, mas, céus.
só falta agora um corvo sentar na minha janela e começar a grasnar nevermore nevermore nevermore. porque vou dizer.

e ainda terei mais uma daquelas malditas aulas de direção hoje, com aquele professor idiota que diz que eu tenho pés pesados. digo, mil perdões se meu cérebro classificou "carros" como "instrumento pesado, neandertal, gigantesca extensão do meu corpo" e, por consequência, eu acredito que preciso fazer a cavala e pisar nos pedais com força etc. sério, meus pobres conhecimentos de mecânica me dizem que é preciso um grande dispêndio de força pra movimentar algo brutal como um carro.

anyway. eu até tinha coisas bonitas a dizer, coisas sobre ursos e coisa e tal, mas acordei há menos de uma hora e já não estou tendo um dia muito agradável. tudo ensolarado, o papagaio da vizinha alegremente conversando com objetos, uma imensa árvore de flores laranja delicadamente ondulando, mas.

eu preciso que algo maravilhoso aconteça, mas nem mesmo consigo imaginar algo maravilhoso para acontecer.

põe aí que hoje eu sou o zangado.


nhé.

vendredi 20 février 2009

então tive minha aula prática de direção hoje e foi um horror sem tamanho. não consigo mexer tantas partes do meu corpo ao mesmo tempo, isto é, os pés, as mãos, a cabeça -- e ainda responder às perguntas bobocas do instrutor.

um carro é um mecanismo complicadíssimo e parece-me que as mãos têm de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, e as minhas, infelizmente, não acompanham. os pés, então, nem se fala. pisava em todos os pedais com todos os meus pés o tempo todo, e o carro tossia e reclamava e eventualmente morria.

é vergonhoso, uma falta de talento. é preciso ser um polvo para lidar com uma máquina dessas, falo sério.
eu sei, é quase natural que as coisas sejam assim, enfeitadas e galantes, preenchidas com pequenas frescuras e pequenas elegâncias, mas, oh, me parece um dispêndio de energia tão grande e tão sem sentido, isso de tentar ser marilyn quando ninguém está olhando.

dimanche 15 février 2009

senhor, ei, senhor, nós não nos importamos: you crawled off and left us, mas não perguntaríamos nada, se o senhor voltasse. não exigiríamos explicações. seu travesseiro continua aqui, empenado e pálido -- empoeirado, sim -- mas seríamos excessivamente felizes durante alguns minutos, se tivéssemos de levá-lo para fora e batê-lo, formando imensas nuvens de poeira, e depois trazê-lo novo para dentro, para que o senhor deitasse sua nobre cabeça. porque saberíamos que sua cabeça acompanha sempre seu corpo e que isso significaria tê-lo aqui novamente, entre abacaxis, palmeiras e todos os nosso pequenos sonhos, ainda adormecidos em sementes. não nos importamos nem mesmo com a marca de catapora, como uma cratera lunar em seu resplandescente nariz, apenas imploramos: retorne, antes que seja muito tarde, tarde demais, e um novo dia floresça e o esqueçamos.
senhor, eu acho muito rude matar o urso;
o senhor gostaria de ser o urso?

mercredi 11 février 2009




but we'll take the fake happy over knowing what's wrong and we'll give you the stuff that you need to belong, and hope that's what you need, by a small chance: a quick and heavy dose of acceptance.

growing gets hard, time is running out.
and you'll die a young and exciting death, and you will tell us all in your last breath "i'm done there's nothing to be happy about."

mardi 10 février 2009

hai kai ridiculinho

o tédio pousou sobre a minha cabeça
botou um ovo
partiu

fight the wind and wait for you.

Robin Sparrow,
know you're the only one
who can make me sing.


(and if our hands should
meet again,
let them.)

lundi 9 février 2009

this world, i am afraid, is designed for crashing bores.

a incoerência humana é realmente algo digno de análise, porque, sério.

vendredi 6 février 2009

mas o que se pode fazer, não é? assim expira o mundo.
(não com uma explosão, mas com um suspiro.)

my love life.

primeiro eram enormes e pesados carrosséis de cavalos-sem-cabeça, sangrando xarope artificial de morango pela ferida no pescoço.
depois, palmeiras e diamantes, infinitas xícaras vazias espreguiçavam-se ao sol sobre a mesa, o lençol era azul e corvos empoleiravam-se à janela.
em seguida, o sol saiu; sempre sol, mesmo quando chovia. centenas de pardais, andorinhas, colibris, pintassilgos, rouxinóis, tudo o que há de alado no mundo planando longe, sem nem mesmo bater as asas, sem temer qualquer gaiola.
e então -- nuvens e pequenas conchas, arco-íris de asfalto, aviões traçando linhas no céu, o mundo todo enfeitado, o mundo todo um castelo, pomares, dilúvios, estranhas plissagens.

agora, só nuvens. todas em formatos, não de nuvens, mas de sopros cheios de significado; as estrelas, presas ao céu por longas linhas de nylon, balançam e escondem-se. o mar espuma, mas não chega até aqui, eu diria que nunca vi o mar.

and it's likely to be too late.

é tão triste quando você sorri para uma pessoa e ela sorri de volta, de longe, e os olhares dos dois se roçam como asas de pássaros e você sabe que compartilham o mesmo pensamento -- no caso, de que teríamos sido bons amigos --, mas já é tarde demais.

jeudi 5 février 2009

se por acaso os anjos descessem até aqui e me perguntassem, cheios de asas e penas e compaixão, qual seria a raça que eu gostaria de exterminar da face da terra (como um bônus: você foi uma menina boazinha e por isso merece uma recompensa), eu diria:

a raça das pessoas que mexem com as outras no meio da rua.

acho um ato desnecessário, invasivo, frequentemente equivocado, falha de caráter, falta de modos e de surra.

digo, não é engraçado. e se você realmente tem de fazer um comentário sobre tal pessoa, diga-o baixinho para o seu amigo do lado, ou anote para comentar depois, durante o jantar, com toda a sua família que certamente ficará orgulhosa de ter dado à luz uma criatura tão amável. porque, acredite, ninguém realmente se importa com o que uma pessoa na rua pensa dela; pense o que lhe parecer melhor, mas, por favor, não interaja. não grite. não avise que a pessoa que está passando é isto ou aquilo ou aquilo outro. principalmente porque você é tão vulnerável a comentários quanto ela, e ela replicaria no mesmo tom, se quisesse -- mas oh, por que perder seu precioso tempo e toda a elegância ao berrar no meio da rua? ninguém acha isso legal, engraçado, agradável ou seja o que for. só você.

ou, ainda, se a intenção for ser realmente desagradável: missão cumprida. mas, honestamente, por que alguém faria isso, digo, ser desagradável e propósito com um estranho que poderia muito bem ser um sociopata ou seja o que for? ou mesmo um não-sociopata, mas armado de uma pedra, um tijolo, um vaso, que seja, nunca se sabe. por que alguém seria propositalmente desagradável com alguém que nunca lhe fez nada? por que alguém ofenderia alguém só pelo fato de sua vida ser tão vazia, entediante e em vão, que ele precisa deseperadamente fazer com que outra pessoa se sinta ainda pior que ele mesmo? fazer uma pessoa se sentir mal não vai mudar o fato de que a sua vida é vazia, entediante e em vão. só vai magoar alguém que não tem nada a ver com isso.

não compreendo. de verdade, não compreendo.

mercredi 4 février 2009

you've got a diamond under your skin.

eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele desabrocharia, abriria seus longos olhos em uma manhã pálida como qualquer outras e seria capaz de ver tudo aquilo que é inacessível para tantos outros.

eu sabia que só precisava esperar um pouco, ser graciosa e paciente, não desistir. pois sempre foi tão diferente; nada urgente, efêmero, banal. ou por outra: banal, sim; como o são todas as coisas dignas de suspiros. mas nunca algo comum, cotidiano. um algo que só se encontra uma vez a cada duzentos anos, a cauda translúcida de um peixe de aquário, notas musicais que perfuram nuvens.

and that black rock in your bedroom, i hope you'll climb it soon. in your boat, tied to a tree, i hope you'll find the sea.

falta tanto ainda, mas agora parece tão pouco. ele vai ficar bem. dizer isso é como respirar novamente: ele vai ficar bem. preciso admitir que eu receava que não, que suas pálpebras estivessem cerradas definitivamente, trancando seus olhos em nuances de escuro. mas é claro que não: ele vê; respira; e fala, que linda voz.

mas o que mais poderia se esperar de alguém tão azul, tão flutuante quanto uma nuvem? he's worth hundreds of sparrows.

lundi 2 février 2009

il n'est pas une bonne idée si on réceptionne la nouvelle année avec peur ou colère, je crois.
la nouvelle année est comme la naissance d'un oiseau: on dois lui tenir avec ses deux mains, tout délicatement, et soupirer, pour lui insouflant la vie aux ses petits poumons.

dimanche 1 février 2009

ontem eu fui ver uma orquestra sinfônica. era como flutuar. era como amar 80 pessoas de uma vez só, e querer mandar flores a elas, com cartões individuais, todos cheios de coraçõezinhos nas margens.

hoje eu estive em uma cozinha azul e foi como estar em um filme. lá fora, as orquídeas desabrochavam lentamente e maritacas atiravam frases banais umas às outras.