lundi 29 décembre 2008

et je tiens dans mes mains la seule de toutes les choses.

oh.

porque eu estava completamente absorta em algum pensamento banal, mas então o mais desconhecido pensamento me caiu no colo e foi uma sensação tão nova, compreende, como uma coisa que nasce -- mas não de ovo. não, não é como uma coisa que nasce, é como uma coisa que brota da terra; porque, antes que a primeira folhinha desponte, não é possível saber que havia algo vivo ali mesmo, mas escondido.

foi mais ou menos isso, e só pude dizer "oh", e franzir a testa, e ficar em silêcio, contemplando todo o novo mundo que de repente me foi ofertado, sem mais nem menos -- e não, eu nem agradeci. porque foi um pouco invasivo, sim; um pouco ofensivo, também.

mas não ruim, nunca. violento, mas suave: como se um travesseiro me fosse atirado ao rosto e explodisse, preenchendo todas as lacunas do universo com penas.

o fato é que acabo de notar (somente agora! me levou tanto tempo) que, realmente, não há nada pronto. não há repouso algum. nada é sólido. eu não tenho a mínima idéia do que vai acontecer comigo, a vida está toda inacabada, e eu tinha planos, eu tinha milhares deles: planos para amanhã, para o próximo mês, para os próximos cinco anos, ou seis, ou vinte, e agora -- agora: adeus, planos.

porque nunca se sabe quando virão os enxames de unicórnios, ou os dragões com dentes afiadíssimos, ou um novo dilúvio (e teremos de navegar nossas próprias camas, o lençol servindo como vela, e os sonhos, agarrados ao colchão, serão a tripulação toda do navio, mas a proa será onde fica o travesseiro ou onde ficam os pés? enfim), ou qualquer coisa que seja, então não é são fazer planos. ou, por outra: é, sim, mas apenas quando já se está livre o bastante para deixá-los ir, quando tiverem de ir.

isso significa que estou iniciando minha breve e tão recente vida como estudante de cinema, mas é muito bem possível que eu a termine, digamos, como uma contadora; ou uma botânica; ou uma astrônoma, sabe-se lá.

então: oh! e suspiro uma vez ou duas, penso em acender meu último cigarro, canto uma canção das montanhas, observo com tudo parece um pouco mais amplo -- ao menos agora sei que não preciso me debater por nada: tudo é acessível.

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