lundi 29 décembre 2008

(isso foi há um mês, um pouco mais, um pouco menos)

we can go for a walk where it's quiet and dry and we can talk about precious things; but love and life and poverty -- these are the things that kill me! ou podemos ficar aqui mesmo, visto que a rainha está morta, deitada sobre veludos e pérolas, enquanto sua alma lhe sai pela boca em imortais gemidos. mas não era isso o que eu ia dizer.

no entanto só consigo pensar n'a convidada. a vadia, é bem sabido, que era o amor contingente de jean paul -- seu nome era iniciado por uma icógnita e ela era toda impulsos de auto-depreciação; como alguém pode gostar de uma pessoa assim? era uma vez madame de beauvoir, muito mais densa, toda feita de laços e chás e lindas frases, tão róseas mas masculinas, como "não: ele não é meu irmão; mas se choro por ele, ele já não me é um estranho: são as minhas lágrimas que decidem"; e foi deixada de lado, questionando todo o propósito de uma vida, uma vez que seu amor essencial não era o bastante. mas enfim. também não era isso o que eu ia dizer.

pois bem, estou ilhada. o que se faz em uma ilha deserta? bem, vejamos: pode-se observar as palmeiras e coqueiros, encontrar um nativo e chamá-lo de quinta-feira, comer bananas e peixes, construir uma cabana com as folhas das já citadas palmeiras e coqueiros, ou sleep on and dream of love, because it's the closest you'll get to love. isso é algo que já faço bastante, e nem é preciso estar em uma ilha deserta; uma suave onda de ar, o som de um liquidificador, uma cadeira que se quebra -- tudo é motivo para que os mais doces pesadelos me atormentem por horas a fio, nas madrugadas mais silenciosas. mas não era isso, ainda, o que eu ia dizer.

o que era mesmo? i'd like to have company during thunderstorms, i'd like you to fall for me, but it'd soon turn lousy and wrong. mas certo, certo, carolina, não pense mais nisso.

e há brecht também. e há milhares de coisas a serem lidas, e, no entando, insisto em ficar aqui: fôrma sem forma, sombra sem cor, força paralisada, gesto sem vigor, como na lírica de eliot; nós somos as crianças ocas, as crianças empalhadas, umas nas outras amparadas, o elmo cheio de nada. ai de nós!

("assim expira o mundo: não com uma explosão, mas com um suspiro".)

e onde estão aquelas malditas senhoritas mariposas que outrora me sopravam as mais críveis felicidades ao ouvido? há alguns dias que apenas as abelhas vêm me visitar, enterrando seus ferrões em minhas mãos como se eu tivesse culpa por toda a infelicidade do mundo. bem: usualmente as pessoas infelizes são as que escolhem ser infelizes, não é? tenho bases filosóficas que me permitem afirmar isso: kierkegaard disse que a única verdade é a fé em uma objetividade. sartre disse que o homem está condenado a ser livre. juntando as duas premissas (1. a verdade é subjetiva; 2. qualquer pessoas pode fazer absolutamente qualquer coisa), temos: eu posso escolher minhas próprias verdades. então se eu digo que isso (um fato inventado) é a verdade, e não aquilo (o fato real), eu estou certa. claro: estou certa apenas enquanto operar na esfera do homem éctipo, alegremente encerrado em si mesmo; a partir do momento em que uma pessoa evolui do éctipo para o arctipo, e passa a ver as coisas através de sua simples mundanidade, já não se pode mais acreditar em verdades inventadas -- mas creio que aí haverão muitos mais motivos para sorrisos, no caso: tudo vai ficar bem. mesmo se for verdade que o homem só se completa na morte, tudo vai ficar bem.

mas o mundo é vazio, ultimamente; não me refiro às tardes que passo simplesmente existindo para o agora, que são completamente inúteis, mas agradáveis: e sim ao mundo como um todo. seven billion people who got nothing to say -- e eu entre ela, acenando, procurando porquês em flores; mas flores murcham, compreende? todos os meus porquês murcham junto, a cada declínio da temperatura, a cada passar de estação. se bem que. mas isso não vem ao caso.

ah, como eu era linda quando acreditava que a simples fuga para uma montanha distante, cheia de ursos, me traria todas as cores do mundo de volta. mas não se pode fugir daquilo que se é, não é? em qualquer lugar do mundo, continuarei sendo esta sombra: apenas uma sombra do meio-dia, quase imperceptível. nothing so ridiculously teenage and desperate, nothing so childish.

(but the color girls say: HEY, SUGAR, TAKE A WALK ON THE WILD SIDE!) mas eu jamais ousaria. a quase-inexistência me é confortável demais, eu gosto demais de tudo isso: não há grandes comoções, nenhuma surpresa, nada jamais acontece, o tempo é inextinguível, porque ontem é sempre hoje, e o amanhã será sempre o mesmo: um peso descomunal equilibrando-se sobre as minhas pálpebras, um dia feito de desinteressâncias. requiem aeternum. e não é possível mover-se; a lama de "como é" sempre me cobre até a cintura, performo o andar de auschwitz por toda a casa, me canso, durmo novamente. today i am remembering the time when they put me back and held me down and looked me in the eyes and said "you just haven't earned it yet, baby; you just haven't earned, girl; you just haven't earned it yet, baby: you must suffer and cry for a longer time".

mas enfim, também não era isso o que eu ia dizer. talvez eu não fosse dizer mesmo coisa alguma. mas é uma linda sexta-feira, isso não se pode negar.

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