vendredi 26 décembre 2008

primeiro, eu gostava de todas as coisas tristes que normalmente são encontradas em ruas, como gatos e despojos de teatralidades. uma vez, encontrei uma aliança prateada que alguém certamente atirou nos paralelepípedos jurando nunca mais amar novamente: esse tipo de coisa.

depois, vieram os dias de fantastiquices planejadas: animais bicéfalos floresciam por todos os lados em encantadíssimos bosques; rusalkas de pele úmida cantavam e levavam crianças à água; tudo era ambíguo e os dias eram todos melancólicos; tudo era excessivamente açucarado, a ponto de tornar-se amargo, enjoativo, desconfortável; qualquer folha caída de uma árvore era um pretexto para um suicídio.

depois, os dias ensolaradíssimos, a sensualidade das frutas maduras, os pêssegos e seus sucos, o ar; a materialidade gasosa dos sentimentos; musas neotropicalistas brotando asas de corvos alegremente, mil vezes perfuradas por espinhos de rosas; a ressacralização de tudo o que é veraniço; os cupins aprendendo a caminhar sobre a mesa, roendo vestidos de noivas ladedos de pérolas. tudo era deveras encantador.

e agora, não sei mais: as formas, talvez. as coisas ovais e essencialmente femininas, a graciosidade impercetível de certos gestos, as palavras desconhecidas. a leveza, os fragmentos temporais, a elegância natural das corças, a elegância forçada das bailarinas, a franqueza dura dos infelizes. todas as coisas translúcidas e monocromáticas, a palidez das nuvens e a aporia.

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