vendredi 26 décembre 2008

(eu era tão bonitinha, em 2007)


françoise tinha bons motivos. sempre lhe diziam, não vá muito para o fundo, mas -- mas o sol hipertrofiado ria alto com sua voz de barítono, e o céu fundia-se com o mar em um ato escancaradamente sexual em turquesa, a espuma branca contorcendo-se na areia e jorrando por todos os lados -- e era impossível conter-se. era impossível não sonhar com lindas sereias e seus mamilos fluorescentes cor-de-rosa, vomitando notas musicais para o ar marinho cheirando a peixes violeta. era impossível limitar-se à gaiola listrada do guarda-sol, junto com a tia e o tio e o primo chato, quando se tinha treze anos e coelhos trágicos tocando harpa nas artérias principais.

estava um pouco frio, e chapéus perdidos rolavam na areia como bolachas-do-mar. srançoise mergulhava profundamente em nuvens de sal, à procura de peixes, palhaços, tesouros, como toda sonhadora idiota. seus delírios espiralando para fora da garganta chegavam a causar mal-estar. então não foi de todo mal quando a encontraram com gritos de terror bloqueando a traquéia, boiando suavemente como um pato de borracha: o coração em silêncio, os pulmões como aquários, e a boca cheia de pérolas.

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