mercredi 24 décembre 2008

mas jamais seguraria suas mãos novamente, jamais. não ousaria colocar-se ao lado dele, não desse jeito. "eu não durmo desde que conheci você; construí uma casa de papel para nós dois às seis horas da manhã", mas jamais lhe contaria isso; "hoje eu comprei maçãs. maçãs por 4,99 o quilo, as mais vermelhas de todas", e então suspirava de emoção contida e quase começava a chorar. ele sorria; dizia as coisas mais bonitas e as coisas mais horríveis, sem pensar demais antes da verbalização -- e ainda assim, os outros sussurravam: ora, mas ele é tão contido e ela é tão impulsiva (sim, claro, diziam isso apenas porque uma vez apagara um cigarro no braço esquerdo, mas não era ímpeto algum, era amor-amor-amor, um amor desesperado e silencioso, um amor que só um querido pássaro poderia evocar, mesmo depois de alçar vôo e desaparecer entre nuvens: e apenas isto, apenas aquilo). "posso tocar você? você é de verdade?" -- e não ousava se mover, nunca mais.

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