mercredi 28 janvier 2009

adendo

preciso explicar melhor isso do ciúme.

porque eu resolvi prestar homenagens e então fui ler a volta ao dia em 80 mundos antes de dormir. e eu estava quase-quase. mas que mentira, não estava não. estou completamente acesa, ainda, nenhuma molécula de sono, nenhuma dormência confortável crescendo como embrião no meu cérebro, nada. mas enfim, estava lendo. e aí ele me vira e diz:

"conheço um grande amolecedor, um sujeito que vê mole tudo o que vê, amolece as coisas só de vê-las, nem sequer de olhá-las porque ele vê mais do que olha, e então fica por aí vendo coisas e todas são tremendamente moles e ele está contente porque não gosta nada de coisas duras."

então, veja, não tem como não querer possuir uma coisa assim, com toda a exclusividade que há no mundo. sem contar (e essa parte eu até relutaria em comentar, mas) que ele tem essas expressões, uma expressão específica que, oh. tá bem, eu digo: ele diz tchê. e a nostalgia me vem como uma onda (de mar, não de ar; essa onda, eu diria até, é nada mais do que uma imensa carpa lilás), cheia de gotas de vidro azuis, espumas e pérolas e flocos de açúcar. eu não luto contra, é irresistível demais.

por isso, concluindo, eu tenho ciúme do julio cortázar. e nem me envergonho, havia mentido.

e ainda acrescento que também tenho ciúmes do marcel proust. desculpe-me, mas ele falou de coisas róseas, de plissagens, de flores brotando de xícaras de chá, e não tem como. esta é outra coisa contra qual eu não luto: algumas frases são simplesmente tão perfeitas que é como se houvessem sido cuidadosamente esculpidas durante anos, então se elas se atiram contra mim e pedem que eu as adore como se fossem deusas, bem, não posso fazer nada.

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